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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Até sempre Zodíaco

Sempre o conheci como cavalo velho. Há anos que diziam “é no verão deste ano que ele vai” e nunca ia. Fizeram-me acreditar que ia ficar para sempre … enganei-me.

Vi acontecer, sentia-me impotente. Só podia ficar ali com ele a olhar, a pensar, à espera. Nos dias em que melhorava não sabia o que havia de sentir, se alegria por vê-lo melhor, se tristeza por estar simplesmente a adiar o inevitável. Um dia antes de partir, já nem elevava a cabaça e eu com os meus modestos 55Kg levantei-lhe a cabaça do chão para lhe poder dar água e limpar a terra dos olhos. Depois de beber tombou a cabeça em cima do papel e respirou fundo. Cansado por beber água, um cavalo que foi cheio de vida, e o mais astuto que conheci, ali estava ele a definhar perante o esforço de algo tão simples como beber água.

Fiquei algum tempo a olhar para ele, aos poucos vi o brilho fugir-lhe do olhar. Sabia que nunca mais o veria depois daquela tarde escaldante de domingo.

Beijei-o, soltei uma lágrima das que não consegui controlar, beijei-o novamente e murmurei “adeus companheiro, adeus meu velho”.
Agora que penso melhor, realmente acredito que ele vai durar para sempre, vai estar sempre vivo no meu pensamento. Talvez tenha empregue mal as palavras, talvez não seja “adeus” mas um “até sempre” ao meu Zodíaco.

Joana Jacob

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